A gravidade da lesão levava à necessidade de amputação. A família foi comunicada pelo médico ortopedista João Suassuna sobre um tratamento, bastante caro, procedimento que vem sendo usado há mais de dez anos no Brasil, mas pouco comum no âmbito da rede SUS, que não cobre esse serviço. Trata-se de um curativo a vácuo, específico para ferimentos complexos. Sem condições para custear o tratamento, os pais do jovem ficaram transtornados pela possibilidade de verem o filho perder parte do membro inferior.
O caso chegou à direção do HRP, que entrou em contato com uma empresa fornecedora do curativo, que usa pressão negativa sobre o ferimento, indicado pelo médico plantonista do Regional, que conhece tal emplasto desde sua residência médica, no Rio Grande do Sul. Foi feito contato com uma empresa de Recife, que enviou enfermeiros a Patos e foi iniciado o tratamento do jovem no dia 21, com a primeira aplicação. O produto atua através de esponjas hidrofóbicas em cima da lesão, provocando a regeneração dos tecidos devido a redução do edema, aceleração do processo de cicatrização, remove os fluídos da ferida por meio de sucção através de bombeamento por um aparelho, estimula o crescimento do tecido de granulação. O curativo veda a passagem do oxigênio, evitando a proliferação de bactérias aeróbicas (que precisam do oxigênio para sobreviver).
O tratamento, apesar de ser caro para os cofres estaduais, acaba tornando-se barato pelo retorno rápido da saúde do paciente. Os enfermeiros responsáveis pela aplicação da técnica do curativo a vácuo vieram novamente a Patos cuidar do ferimento do jovem, fazendo a troca do kit. Tal procedimento durou cerca de três horas no bloco cirúrgico. O ferimento já vem apresentando certa granulação, recuperação de tecidos da perna.
A enfermeira Ana Flávia, que veio de Recife, explicou que, mesmo com toda a perda de músculos, da exposição da tíbia e do tendão de Aquiles, esses curativos são a última condição que se espera para que o jovem não perca o membro (perna), e que, pela granulação que vem ocorrendo no local do ferimento, praticamente não haverá necessidade de amputação. “Com a troca de curativos pudemos constatar bastante tecido de granulação, sangramento, que não existia, e redução de tecidos mortos que havia nas aplicações anteriores”, enfatiza.
Os procedimentos, que precisam acontecer no bloco cirúrgico, recebe acompanhamento, com bastante interesse, dos profissionais do HRP, cirurgiões ortopédicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas. O jovem deve receber mais uns três curativos para depois seguir tratamento de cirurgia plástica e passar por novas avaliações.
Nesta semana haverá duas trocas de curativos a vácuo. Espera-se também os resultados de exames de cultura, para que os antibióticos que estão sendo administrados ao paciente possam ser também avaliados.
PatosOnline
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